Construção de Cahora Bassa

Data: 17/05/2017
Construção de Cahora Bassa

Em Março de 1956, realiza-se a primeira visita de engenharia aos rápidos de Cahora Bassa. A configuração topográfica do vale conferia ao local adequadas características para a instalação de uma estrutura hidráulica de represamento do rio com fins hidroenergéticos, dando assim seguimento às ideias avançadas no início do Século 20 pelo cientista português Gago Coutinho quando realizou o primeiro levantamento cartográfico do Vale do Zambeze, entre Tete e o Zumbo. 

Um ano mais tarde, era criada a Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze (MFPZ), com o objectivo de proceder ao reconhecimento sistemático dos recursos da Bacia do Zambeze, organizar os planos para o seu aproveitamento e desenvolvimento e elaborar os projectos necessários.

Entre 1958 e 1961, com a colaboração da HP, Hidrotécnica Portuguesa, são desenvolvidos os estudos preliminares e de viabilidade e é apresentado o Esquema e Plano Gerais e os anteprojectos sumários das obras e do planeamento dos aproveitamentos de maior interesse para a região do Zambeze. Com a criação do GTZ, Grupo de Trabalho para o Zambeze, é dado o passo em frente na elaboração do projecto e na decisão de construir o empreendimento.

Em Dezembro de 1966, é contratada a HP para elaborar o projecto do aproveitamento hidroeléctrico de Cahora Bassa, tendo o contrato de adjudicação da construção sido firmado entre o Estado Português e o consórcio ZAMCO, Zambeze Consórcio Hidroeléctrico Lda., em Setembro de 1969. Nesse mesmo mês, é assinado com a ESKOM o contrato de fornecimento de energia à África do Sul.

Em Fevereiro de 1970 é criado o GPZ, Gabinete de Desenvolvimento do Plano do Zambeze, para o qual são transferidas as competências e atribuições da MFPZ e do GTZ.

Em Março de 1972, é adjudicada a construção das linhas de transporte de energia e em Maio deste mesmo ano está concluído o desvio provisório do rio que permite iniciar a escavação da fundação e a construção da barragem.

O enchimento da albufeira teve início em 5 de Dezembro de 1974 e ficou concluído até à cota de exploração normal NPA (326m) em Setembro de 1976, tendo atingido cotas superiores somente nas cheias de Março de 1978 (327.74m) e de Abril de 2001 (328.18m). A cota de máxima cheia NMC é 329m.

As linhas de transporte de energia HVDC para a África do Sul, numa extensão de 1400 Km, ficam concluídas em Janeiro de 1974, e os ensaios de geração, de conversão e de transmissão são feitos em três escalões que entram em exploração comercial em 26 de Março de 1977, o primeiro escalão, em 16 de Abril de 1978, o segundo escalão, e em 22 de Junho de 1979, o terceiro e último escalão.

A barragem foi construída com betão convencional, constituído por agregados graníticos, resultantes da britagem da rocha retirada das escavações da fundação e dos túneis, e cimento produzido na cimenteira do Dondo-Beira e, em menor quantidade, cimento importado do Zimbabwe.

O volume total de material escavado foi da ordem de 1.500.000m3, dos quais cerca de 200,000 para a fundação da barragem e 1.300.000 para a abertura da central, chaminés de equilíbrio, sala de transformadores, túneis de acesso e galerias de condução.

Foram empregues cerca de 600.000m3 de betão, dos quais 450.000 para a construção da barragem e os restantes para a construção das estruturas das obras subterrâneas.

O comprimento total de túneis, galerias e cavernas escavado ultrapassa os 2,5km.

A caverna da central, que alberga os cinco geradores de 415MW, os serviços auxiliares e os sistemas de operação e de refrigeração, tem 217m de comprimento por 29m de largura e 57m de altura.

As duas chaminés de equilíbrio têm comprimentos, respectivamente, de 242m e de 342m, por 15m de largura e 18m de altura.

Os estudos foram efectuados pelos departamentos técnicos da MFPZ e do seu sucessor GPZ, com colaboração de outras entidades, públicas e privadas, entre empresas de estudo e projecto, universidades e consultores independentes.

O Projectista do empreendimento foi a HP - Hidrotécnica Portuguesa, Lisboa.

O Construtor foi a ZAMCO - Zambeze Consórcio Hidroeléctrico, Lda., o qual  compreendia 15 membros associados em grupos especializados por obra:

  • CEW, para obras de engenharia civil, compreendendo a CCI (França), líder do grupo que integrou a Hochtlef AG (Alemanha); a LTA (África do Sul); e a Shaft Sinkers (Pty) Ltd. (África do Sul);
  • GAE, para equipamento gerador eléctrico;
  • TSE, para as subestações conversoras; 
  • TL, para as linhas de transmissão de energia.

Para muitos trabalhos, este consórcio contratou os serviços de empresas locais, regionais e nacionais.